Por favor, alguém me explica por
que estamos a repatriar os turistas por motivos de saúde pública, mas não os
migrantes ilegais?
Se agora enxotamos com poucas
cerimónias os estrangeiros que ainda teimam em vir para cá passar apenas alguns
dias de férias, por serem reconhecidamente um factor de risco nesta pandemia,
por que não os que vieram irregularmente com intenções de ficar de vez?
Por que é que uns são recambiados
e aos outros se faz vista grossa?
Se até os turistas e estudantes
universitários que vêm dos países mais desenvolvidos do mundo são nesta altura
encarados como possível vector de contágio, os migrantes que vieram de países subdesenvolvidos
e com fracos hábitos de higiene são inócuos?
Por que barramos a entrada
àqueles que pretendem entrar pelos portões da frente, mas não àqueles que
continuam a chegar pela porta do cavalo?
Os viajantes maioritariamente civilizados
que vêm de países com hábitos de solidariedade cívica semelhantes ou melhores
que os nossos devem partir, mas os aventureiros ou delinquentes ou clandestinos
que vêm das regiões do mundo onde imperam o caos e a bagunça podem ficar?
Os turistas e os estudantes de
intercâmbio vêm contaminar-nos, mas os imigrantes ilegais vêm ajudar a nossa
economia?
Neste momento até os estrangeiros
que provêm de culturas onde está enraizado um espírito de disciplina individual
e colectiva que nós apenas podemos invejar, como japoneses ou coreanos, são
considerados indesejáveis, só por virem de fora, mas africanos e
latino-americanos, “grosso modo” sobejamente conhecidos pela sua endémica
indisciplina pessoal e cívica, são benvindos e toleráveis, só porque os
consideramos culturalmente mais “próximos” de nós?
Parece-me que há aqui uma espécie
de “racismo” ao contrário, agora que é legítimo falar de racismo para tudo.
Parece-me que há aqui uma xenofobia selectiva, que está a afinar pelo diapasão errado e que resolve tomar por alvo apenas os turistas e os nómadas universitários, quando não deveriam ser só eles os visados.
Parece-me que há aqui uma xenofobia selectiva, que está a afinar pelo diapasão errado e que resolve tomar por alvo apenas os turistas e os nómadas universitários, quando não deveriam ser só eles os visados.
Estamos a assistir em crescendo a
uma grande purga profiláctica, porque é de uma purga que se trata, tornada
necessária pela calamitosa situação actual e que vai inviabilizar
duradouramente o turismo, mas por que são poupados todos aqueles que por cá
andam sem autorização de residência e sem visto válido?
Algumas destas perguntas são
muito inconvenientes, mas é decerto uma boa altura para procurar as respostas.
E a pertinência delas irá aumentando com a rápida e previsível progressão das
infecções e dos óbitos, à medida que se for percebendo quem são os grupos étnicos
mais propensos a desrespeitar a quarentena e as regras de higiene e contenção impostas.
Chegará inevitavelmente a altura de se cogitar o seguinte: quem circula por aí que nem sequer devia cá estar? E por que é que as autoridades, mesmo numa circunstância dramática como esta, não fazem cumprir as leis da imigração? E de que recursos estão a viver os residentes ilegais, com a actividade económica semi-paralisada como está? Muitos cidadãos gostariam de saber.
Chegará inevitavelmente a altura de se cogitar o seguinte: quem circula por aí que nem sequer devia cá estar? E por que é que as autoridades, mesmo numa circunstância dramática como esta, não fazem cumprir as leis da imigração? E de que recursos estão a viver os residentes ilegais, com a actividade económica semi-paralisada como está? Muitos cidadãos gostariam de saber.
Haverá alguém com coragem para
levantar tais questões na imprensa, nas televisões, na Assembleia da República?